Em seis meses, quase 2 mil quilômetros de cabos de telecomunicações foram roubados no País

O setor de telecomunicações é um dos mais atingidos pelo mercado ilegal de fios e cabos no País. Somente no primeiro semestre de 2024, quase 2 mil quilômetros de materiais de telecomunicações foram foram furtados ou roubados, gerando prejuízos às empresas do setor e à população, que fica por horas – e às vezes até dias – sem o serviço de telefonia e internet.

O problema ficou ainda mais evidente a partir de 2020, com a pandemia da covid-19. Com menos gente circulando nas ruas, criminosos passaram a atuar mais fortemente nos furtos de fios e cabos elétricos. Ao mesmo tempo, houve a necessidade de as pessoas trabalharem no formato home office, mas muitas tiveram dor de cabeça ao amanhecerem com o serviço interrompido.

Isso sem contar a poluição visual e o perigo de quem anda pelas ruas. No Recife, por exemplo, não é incomum encontrar fios soltos ou partidos espalhados por calçadas ou até no asfalto. Em outras capitais do País a mesma cena se repete.

As empresas de telecomunicações têm cobrado medidas para diminuir os transtornos e os prejuízos.

“O furto, roubo, vandalismo e também a receptação de cabos e equipamentos causam prejuízo direto a milhões de consumidores todos os anos, que ficam sem acesso a serviços de utilidade pública como polícia, bombeiros e emergências médicas”, destacou, em nota, a Conexis Brasil Digital, entidade que reúne as empresas de telecomunicações e de conectividade.

O setor destacou que defende uma ação coordenada de segurança pública envolvendo o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, para combater esses crimes. Além disso, pede a aprovação de leis com penas mais rígidas.

O engenheiro Maurício Santana, secretário-executivo da Associação Brasileira Pela Qualidade dos Fios e Cabos Elétricos (Qualifio), reforçou que o roubo e furto de cabos e fios cresceram no País para alimentar o mercado ilegal desses materiais.

“Depois que ocorre os furtos, esses fios e cabos são repassados. O cobre encontrado neles é retirado e já transformado em outros fios e cabos de má qualidade. A população compra sem saber. O problema é que o uso desses itens que não seguem as normas técnicas resulta em curto-circuito e incêndios”, pontuou o especialista.