O dólar acumula uma desvalorização de 1,38% frente ao real no último mês e de 7,86% até aqui em 2023. Um ligeiro avanço de 0,3% na terça-feira (19) interrompeu uma sequência de quatro sessões de perdas, e um novo evento de volatilidade será observado com lupa nesta quarta (20): Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), discursa novamente à tarde.
Diante do cenário e com a moeda americana aos R$ 4,87, o investidor interessado em alocar lá fora pode se perguntar: por garantia, é melhor aproveitar a cotação atual do dólar e voltar a comprar a moeda para aplicar no exterior?
A dúvida não é à toa. Os EUA praticam hoje as maiores taxas de juros dos últimos 15 anos, entre 5,25% e 5,50% ao ano, tornando cada vez mais atrativo o investimento na dívida americana, considerada a mais segura do mundo. E o consenso de analistas é de que o patamar será mantido após reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) do Fed.
Os rendimentos dos títulos de cinco e dez anos dos EUA subiram para os níveis mais elevados desde 2007, após o Canadá divulgar inflação mais alta que o esperado e o petróleo disparar, gerando receio de novas pressões inflacionárias.
O rendimento da Treasury de cinco anos subiu até 7 pontos-base, para 4,52%, e o de 10 anos, até 6 pontos-base, para 4,365%. O rendimento das notas de dois anos ficou a um ponto-base de um novo máximo plurianual.
As mudanças refletem o reconhecimento do mercado de que os juros americanos permanecerão altos ainda por muito tempo, opina Gregory Peters, do PGIM Fixed Income.
“O mercado está finalmente percebendo, depois de lutar nos últimos 18 meses, que os juros estão realmente mais altos e que não vamos voltar a um nível pré-pandêmico”, disse o codiretor de investimentos em entrevista à Bloomberg TV. Ele acrescentou que os investidores devem observar em que ponto o Fed definirá sua taxa máxima para este ciclo, a fim de “compreender melhor se acreditam que as taxas terminais são mais altas”.
A situação deixa ainda mais espaço para apetite por renda fixa em dólar, justamente em momento de queda nos juros brasileiros. No fim do dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar, conforme amplamente esperado por agentes econômicos, um novo corte de 0,5 ponto percentual da Selic, atualmente a 13,25% ao ano.
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