Com o intuito de apresentar as potencialidades de Sergipe e atrair investidores, o Governo de Sergipe realizou o ‘Sergipe Day’ em São Paulo, na última terça-feira, 25. Em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o evento aconteceu no Espaço Nobre e contou com exposições de empresas empreendedoras que atuam em Sergipe – Petrobras, Eneva, Tag, Commit, VLI Logística e Unigel – que falaram sobre suas atuações no estado, oportunidades atrativas para investidores e as expectativas para os próximos anos.
A futura oferta abundante de gás natural a ser produzido em águas ultra profundas da costa de Sergipe e todo o conjunto de medidas que o estado está implementando com o propósito de criar uma fonte de competitividade para o consumo de gás no próprio estado são as principais razões que estimulam a inserção de novos investimentos no estado, em especial de indústrias que sejam consumidoras intensivas de óleo e gás.
Sergipe Águas Profundas
Neste sentido, a primeira exposição foi do gerente executivo de Terra e Águas Rasas da Petrobras, Francisco Queiroz, que falou sobre as perspectivas e oportunidades do projeto Sergipe Águas Profundas (Seap). “Sergipe é parceiro da Petrobras há 60 anos e se tornará um produtor relevante de gás natural. É uma honra para a Petrobras fazer parte desse evento. O projeto Seap é um ativo estratégico para ampliar a oferta de gás nacional. Esse projeto está no cenário de resiliência da companhia, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. A nossa perspectiva agora é a instalação de duas unidades flutuantes FPSOs, que são plataformas com nova tecnologia e diferentes características de modernização em respeito ao clima, onde se produz, estoca, exporta e processa o gás”.
Atuando há 32 anos na Petrobras, o engenheiro de petróleo destacou ainda a importante ascensão do gás para o país e disse que o projeto Seap busca contratar empresas para operar as unidades flutuantes. “O presidente da Petrobras reafirmou a importância do gás para a industrialização do Brasil. Sobre o projeto Seap, a Petrobras fez uma tentativa, em 2022, para contratação de empresas para operar as unidades flutuantes por quatro anos, mas esse processo não foi exitoso. Agora, em abril deste ano, fomos novamente ao mercado com a expectativa de, até o final de outubro, abrirmos a licitação para contratação dessas duas unidades FPSOs. A entrada em operação está prevista para 2028. Temos expressivas reservas associadas, com um potencial de exportação de 18 milhões de m³ de gás”, contou Francisco Queiroz.
HUB de Gás de Sergipe
Na sequência, o tema abordado no evento foi o HUB de Gás de Sergipe, com exposição das ‘Possibilidades, Aspectos Regulatórios e Experiência de Investir em Sergipe’, pelo diretor executivo de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Cruz Lopes. A companhia se estabeleceu em Sergipe, a partir da compra do antigo complexo da Celse, que foi transformado no HUB Sergipe, na Barra dos Coqueiros. A empresa também tem um projeto de construção do gasoduto de transporte de gás natural que ligará o Terminal de Armazenamento e Regaseificação de GNL da Eneva à malha da Transportadora Associada de Gás (TAG).
O diretor executivo da Eneva ressaltou os atrativos que fizeram a companhia investir no estado. “Alguns dos fatores que atraíram a Eneva para o estado foram a regulação estadual com segurança jurídica aos empreendedores, e o ambiente de negócios do estado. Além disso, Sergipe está muito bem localizado, com um mercado de distribuidores e consumidores. Outro fator que também ajudou na decisão da Eneva em investir no estado foi enxergar que Sergipe será a nova fronteira do óleo e gás do Brasil. A descoberta de que o estado vai produzir tanto petróleo e vai ofertar 18 milhões de m³ de gás por dia fazem com que essa região mude de patamar. E o HUB Sergipe será um ponto extremamente estratégico dentro da malha integrada de transporte de gás no Brasil”, completou Marcelo Cruz Lopes.
Oportunidades de negócios
A terceira exposição foi realizada pelo diretor comercial da Commit Gás para o estado de Sergipe e diretor técnico e comercial da Sergipe Gás S/A (Sergas), Álvaro Moraes, que apresentou as oportunidades de negócio a partir do HUB de Gás em Sergipe. A Commit Gás é uma das acionistas da Sergas e o diretor destacou a relação do gás com o desenvolvimento sustentável do país. “Estamos presentes em 11 estados com distribuidoras de gás natural canalizado em operação no Brasil. O gás natural é um importante indutor de desenvolvimento pelos seus atributos: é ambientalmente sustentável, socialmente responsável e economicamente relevante”, elencou Álvaro Moraes.
“Esse é o momento de Sergipe. As oportunidades de negócio a partir do HUB de Gás fazem parte de um círculo que a gente entende como virtuoso, com ampla oferta que trará novos consumidores. O HUB Sergipe gerará maior oferta de gás natural, falando de gás onshore, gás offshore e de GNL (gás natural liquefeito). Todo o gás passando pelo HUB dará liquidez ao mercado e trará competitividade ao estado. E, além de levar o gás, o HUB Sergipe também vai proporcionar desenvolvimento e crescimento econômico ao interior do estado”, destacou Álvaro Moraes.
Conexão com rede de transporte
Sergipe dispõe do primeiro terminal privado de GNL (gás natural liquefeito) do país, com capacidade para regaseificação e injeção de grandes volumes de gás natural na rede de transporte. A Transportadora Associada de Gás (TAG), em parceria com a Eneva, está construindo um gasoduto de interligação do terminal à malha de transporte. O novo gasoduto contará com uma capacidade de movimentação de 14 milhões de m³ de gás/dia, com 25 quilômetros de extensão e 24 polegadas de diâmetro, garantindo a segurança no suprimento de gás natural para Sergipe e toda a região Nordeste. A quarta exposição foi sobre esse tema, abordado pelo acionista da TAG e responsável pelas operações CDPQ na América Latina, Eduardo Farhat.
“Dá muito gosto em ver um estado como Sergipe buscando a sua vocação. Um projeto que temos muito carinho é a Conexão do Terminal de Sergipe, onde estamos investindo aproximadamente R$ 340 milhões. O projeto do gasoduto cruzará três municípios sergipanos – Barra dos Coqueiros, Santo Amaro das Brotas e Rosário do Catete – sendo a primeira conexão de um terminal privado com a rede de transporte brasileira. O nosso papel como investidor global é trazer eficiência econômica, promovendo a competitividade da molécula do gás, desenvolvimento, bem-estar e geração de renda. O início da operação está previsto para abril de 2024”, destacou o acionista da TAG, Eduardo Farhat.
Infraestrutura para desenvolvimento
Sergipe tem uma posição geográfica favorável para receber navios provenientes da Europa, Ásia e América do Norte, bem como para atender a nova fronteira agrícola do Brasil, a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Para isso, o estado dispõe do Terminal Marítimo Inácio Barbosa (TMIB), institucionalmente configurado como “terminal privativo de uso misto”, situação que permite a prática de tarifas de mercado. O terminal é administrado e operado pela VLI Multimodal S.A. e a penúltima exposição foi feita pelo diretor de operações do Corredor Leste da VLI, Diego Zanella.
“Temos todas as condições de atender às indústrias que quiserem se instalar no estado. O TMIB, carinhosamente chamado de Porto do Estado de Sergipe, faz parte do nosso Corredor Leste, que é um sistema logístico multimodal com grande intensidade de cargas. O TMIB está conectado à malha rodoviária, a pouco mais de 20 km da BR-101, o que é importante para fazermos as movimentações de carga com eficiência. O terminal tem um posicionamento geográfico muito favorável e oferece uma série de vantagens que tem despertado o interesse de diversas indústrias”, elencou Diego Zanella.
Uso intensivo do gás
A última apresentação foi realizada pelo diretor de Relações com Investidores da Unigel, Luiz Felipe Fustaino, que falou sobre os ‘Desafios da Produção Nacional de Fertilizantes e Experiências de Empreender em Sergipe’. A Unigel é uma das maiores petroquímicas do país. Em agosto de 2021, o grupo inaugurou a Unigel Agro SE, iniciando a produção de ureia em Sergipe, após arrendar a fábrica que antes ocupava a Fafen/SE, em Laranjeiras. O Governo do Estado de Sergipe estimulou a viabilização da proposta da Unigel por meio dos incentivos oferecidos pelo Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI), sob responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise), além de outras ações do governo para retomada da planta.
O diretor da Unigel destacou o uso intensivo do gás para produção de fertilizantes. “A Unigel fez um esforço para retomar a produção de fertilizantes no Brasil em dois ativos retomados em 2021: em Camaçari (BA) e em Laranjeiras (SE). O gás natural é convertido em amônia e a Unigel tem a capacidade de produção de 80% da amônia do Brasil, que por sua vez pode ser transformada em fertilizantes, sendo a ureia o principal deles. Além de fertilizantes, a ureia também é usada na pecuária, na fabricação de MDF. Precisamos criar as condições para que o gás natural brasileiro seja competitivo, porque, sendo um país responsável e com arcabouço regulatório, sairá na frente de todos os outros países que produzem gás, como Rússia e Irã”, finalizou Luiz Felipe Fustaino.
Sergipe Day
O ‘Sergipe Day’ foi realizado pelo Governo de Sergipe, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O evento teve a assinatura do jornal Valor Econômico e contou com o patrocínio do Banese, Commit Gás/Sergas, TAG, VLI Logística e apoio da Eneva.
Fonte: Governo de Sergipe