Todo mundo já passou ou ainda vai passar pela experiência do primeiro emprego, e não é incomum que, no meio do caminho, muitos se deparem com um impasse: a exigência de experiência prévia. Foi pensando nisso que o Governo de Sergipe criou o Programa Primeiro Emprego, cuja finalidade é capacitar jovens para a inserção no mercado de trabalho. A iniciativa é viabilizada por intermédio da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem) e conta com a participação de instituições de ensino e empresas parceiras.
Estudante de Ciências da Computação na Universidade Tiradentes (Unit), o jovem Leandro Rocha, de 18 anos, foi um dos 20 selecionados pelo programa para compor a primeira turma do curso de ‘Programador Full-Stack’, que será ofertado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em parceria com a empresa 3tecnos Tecnologia. Segundo ele, o programa do Governo de Sergipe será uma oportunidade para ele e outros jovens que buscam primeira experiência profissional adentrem no mercado de trabalho já qualificados.
“Ter a oportunidade de entrar no mercado de trabalho já qualificado, com certeza, vai contribuir. Eu me sinto muito privilegiado por estar aqui, porque era algo que, quando eu me inscrevi, eu queria muito, pois eu almejo isso para a minha carreira. O que eu sinto é gratidão. Eu espero aprender muito e me desenvolver como pessoa e também como profissional do mercado”, considerou Leandro.
Assim como ele, a estudante Amanda Melo, 18, aluna do curso de Sistemas de Informação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), contou que ficou bastante feliz quando soube que havia sido selecionada para a primeira turma do Primeiro Emprego. “Eu senti que realmente seria uma oportunidade para eu me inserir no mercado de trabalho de uma forma que fosse mais adequada para mim, com as melhores oportunidades para este meu momento de vida. Eu me sinto privilegiada e muito feliz também, inclusive por ser egressa do Senai. Estou muito animada e tenho muita confiança que vai dar tudo certo”, relatou.
Quem também garantiu uma vaga na primeira turma foi o jovem Guilherme Sollano, 20, estudante de Sistemas de Informação da UFS. “Resolvi participar tanto para conseguir mais conhecimento, uma base melhor e mais aprendizado quanto para ter mais estabilidade financeira. Estou ansioso, acho que vai ser bem legal. Vou conhecer outras pessoas, viver novas situações e desafios diferentes”, afirmou.
Para a estudante Yasmim Lima, 22, aluna do curso de Sistemas de Informação da UFS, a notícia também foi uma ótima surpresa. “Eu acho que esta vai ser uma boa oportunidade para aprender e entrar no mercado de trabalho, e ainda mais na área que eu queria. Eu nem esperava, quando soube fiquei muito feliz. Estou com ótimas expectativas para tudo que vou aprender daqui para frente”, comemorou.
Eles e os outros 16 jovens selecionados para a primeira turma participaram da aula inaugural do programa na tarde desta terça-feira, 31, no auditório do Senai, em Aracaju. A partir de agora, eles terão dois meses de aulas teóricas em sala de aula com professores da instituição de ensino parceira – neste caso, o Senai – e, posteriormente, poderão ter a experiência técnica e prática com orientação da empresa parceira durante quatro meses, totalizando os seis meses de experiência comumente exigidos no momento da contratação. Além disso, ao final do curso, 30% da turma será contratada com carteira assinada pela empresa.
O evento marca o início de um novo capítulo na história da juventude e da economia sergipanas, como apontou, na ocasião, o secretário de Estado-Chefe da Casa Civil, Jorginho Araujo. “Estamos gerando não só oportunidades de emprego, mas também dignidade para cada um desses jovens, e é isso que este governo tem se proposto a fazer. Emprego é dignidade, é autonomia financeira, movimenta a nossa economia e ajuda o nosso estado a avançar”, enfatizou o secretário.
Nesse sentido, Jorginho Araujo destacou que o Programa Primeiro Emprego surge com a finalidade de garantir que o ciclo da empregabilidade seja efetivamente concluído. “Todo mundo sabe que, muitas vezes, o empregador exige experiência prévia e comprovação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), então o que queremos é dar esta primeira oportunidade com esta bolsa de seis meses, junto à qualificação técnica e prática e, consequentemente, a absorção, por parte da empresa, de pelo menos 30% daquela mão-de-obra, e os outros 70% ganham aquilo que não tinham ainda, que é a experiência comprovada. Isso vai contribuir para que Sergipe continue avançando”, detalhou o gestor.
Planejamento
Para tirar o Programa Primeiro Emprego do papel, foi necessária uma série de estudos para determinar o público-alvo e as áreas contempladas pela iniciativa, como explica a Superintendente do Trabalho e Emprego da Seteem, Marcela Prudente. “Nós fizemos estudos para criar este programa, e a faixa etária que selecionamos foi de 18 a 29 anos, que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem as maiores taxas de desocupação. Pensamos neste público para dar mais oportunidades para a juventude e termos mais sergipanos inseridos no mercado de trabalho”, indicou.
Segundo o secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo, Jorge Teles, outra preocupação durante o planejamento do programa foi determinar áreas e setores estratégicos dentro do mercado de trabalho. “Esta será uma turma qualificada em programação. É uma área muito importante, pois há uma demanda do mercado por profissionais de tecnologia. Temos certeza que esses jovens sairão com o requisito que o mercado exige para a inserção nos seus quadros”, disse o gestor.
Tudo isso também reflete o compromisso do Governo do Estado com o desenvolvimento da economia. Prova disso são os últimos dados divulgados pelo Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho. Segundo o levantamento, em setembro, Sergipe foi o segundo estado do país que mais gerou empregos em relação ao mês anterior, com um crescimento de 1,97%, atrás apenas de Alagoas, com 4,12%. Nesse contexto, Jorge Teles chamou atenção para a necessidade de abastecer esse mercado de trabalho em crescimento.
“Sergipe está crescendo muito. Temos um gargalo neste processo de desenvolvimento que é a existência de uma mão de obra qualificada de acordo com a necessidade do mercado. Se, por um lado, formamos o jovem e damos oportunidade da inserção no mercado de trabalho, também começamos a ofertar cursos específicos à necessidade do mercado, olhando para aquelas vagas que estão abertas, que o mercado não consegue encontrar profissionais compatíveis com a sua necessidade, e invertemos essa lógica, passando a formar profissionais de acordo com a necessidade do mercado”, ponderou o secretário.
Parceria
Tudo começa pela sala de aula, a fim de que o profissional esteja apto a ocupar uma vaga no mercado de trabalho, de forma que a parceria entre governo, instituições de ensino e iniciativa privada se revela fundamental nesse processo.
“Nós, do Senai, temos a missão de contribuir para o desenvolvimento pleno do estado e do país por meio da educação profissional, mas de nada adianta formar desempregados. Nós estamos investindo permanentemente em atualização tecnológica, capacitação de docentes, estrutura, metodologia, mas o aluno sai daqui para o mercado de trabalho e não encontra vaga. Com este programa, houve uma preocupação com o resultado final, que não é o diploma, é a sustentabilidade do próprio aluno, que vai conseguir se colocar e se posicionar no mercado de trabalho”, considerou a gerente de Educação Profissional do Senai, Silvia Delmondes.
A empresa de software 3tecnos Tecnologia será responsável por qualificar a primeira turma de alunos do Programa Primeiro Emprego. “Nós, da área de tecnologia, estamos sempre buscando aprimorar novos profissionais, então por que não participar deste programa tão importante para o nosso estado? É muito difícil, na área de TI, reter talentos, então também estamos formando esses talentos. Somos uma empresa jovem, e hoje estamos buscando também descobrir esses novos talentos”, informou o CEO da 3tecnos, Rogério Cardoso.
De acordo com seu sócio, Lindsay Cerqueira, o interesse da empresa pelo programa também surgiu a partir da constatação da necessidade de oportunizar mais vagas para os jovens do estado. “Nós sabemos da complexidade que é para um jovem entrar no mercado de trabalho. Eu também já tive meu primeiro emprego, então entendemos que é muito importante a empresa participar desse programa e dar oportunidade para esses jovens aprenderem mais, entregarem mais resultados e se tornarem profissionais relevantes”, pontuou.
Além disso, o Banco do Estado de Sergipe (Banese), por meio do Banese Card, também pensou em proporcionar poder de consumo aos jovens contemplados pelo programa. “Os jovens que saírem do programa será ofertado a eles uma linha de cartão de crédito para que eles possam ser inseridos no mercado financeiro através desse meio de pagamento”, indicou o representante do Banese Card, Thiago Bahia.
ASN